segunda-feira, 5 de maio de 2014

1º de Maio de 1994 - Ayrton Senna

Foto do site:
 http://showdebola.pt/ayrton-senna-completam-se-19-anos-do-seu-desaparecimento-e-que-um-mito-nasceu/

Texto: André Peragine

O domingo de 1º de maio de 1994 não prometia uma corrida de Fórmula 1 como tantos outros. O clima pesado mostrava que a categoria ainda estava sob o impacto dos acidentes de Rubens Barrichello e Roland Ratzenberger este último com desfecho triste e trágico. Na pole position, um Ayrton Senna consternado, sério e distante. Em nada se parecia com o piloto sempre frio antes de uma largada. Senna havia sido um dos que mais ficou impressionado com os acontecimentos do dia anterior. Mas mesmo assim decidiu ir para a pista.
Quando a luz verde se acendeu, o Benetton de JJ Letho ficou estancado no grid. Pedro Lamy, que já pegava grande velocidade, vindo de trás do grid, não teve tempo de desviar, atingindo o carro do finlandês em cheio. O violento acidente ratificou o medo de todos, e uma das rodas voou para a arquibancada, matando um espectador. Seguindo uma nova norma, a corrida não teria uma nova largada, os carros seguiriam atrás do Safety Car até que a pista fosse limpa e considerada segura.
A medida do Safety Car desagradara alguns pilotos. Os carros andando em velocidade reduzida sofreriam mudanças no comportamento dos pneus, o que poderia ser muito perigoso. Mesmo assim, a FIA manteve a decisão mais por motivos comerciais (anunciantes seriam exibidos normalmente mesmo com os carros andando lentamente e fábricas pagariam fortunas para fornecerem o carro de segurança). Foram cinco voltas sob bandeira amarela. Na abertura da sexta volta, a bandeira verde foi agitada e a corrida tomaria seu rumo normal.
Ayrton Senna mantinha a ponta e tentava se distanciar de Michael Schumacher, no momento em que seu carro escapou misteriosamente na curva Tamburello na sétima volta. Após se despedaçar no muro, o carro quase voltou à pista e acabou por parar na área de escape. Após uma cena desesperadora de resgate, Ayrton Senna deixava o autódromo levado de helicóptero, deixando como marca uma terrível poça de sangue na pista. Horas depois, era anunciado seu falecimento.
Nos dias que seguiram após o acidente fatal, foram levantadas diversas teorias sobre as causas do acidente e da morte. Foram procurados os culpados, notícias divergiam e jamais se encontrou a causa real do acidente, apenas foram levantadas inúmeras suposições. Até hoje, acredita-se que a morte tenha sido causada pela quebra da barra da direção como causa. A única certeza é de que seu capacete fora perfurado pelo braço da suspensão causando sua morte, provavelmente instantânea.
Duas semanas depois das mortes, Karl Wendliger sofreria um gravíssimo acidente na saída do túnel de Mônaco, e permaneceria um mês em estado de coma. A Fórmula 1 precisava de mudanças urgentes. Ao longo daquele ano, inúmeros acidentes aconteceriam, alguns com certa gravidade. Tentativas de burlar as regras por parte das equipes trouxeram mais falta de segurança ainda, como ficou comprovado após o incêndio no carro de Jos Verstappen, na Alemanha. Mas a muito custo, mudanças positivas aconteceram.
Nesses 20 anos que nos separam de 1994, regras foram aprimoradas, regulamentos técnicos alterados e comportamentos revistos. A Fórmula 1 tornou-se um dos esportes mais seguros do mundo, e desde então, não houve sequer uma morte de piloto nas pistas da categoria, mesmo com acidentes fortes como o de Michael Schumacher (Silverstone 1999), Luciano Burti (Spa 2001) e Felipe Massa (Hungaroring 2009). Para nosso benefício, essas medidas foram trazidas para os carros de passeio, e devemos muito a esse desenvolvimento aplicado após as mortes de Ayrton e Roland.

O fim de semana de Ímola permanece com diversas perguntas sem respostas. Diversos “se’s” permeiam discussões nas rodas jornalísticas e automobilísticas, “se’s” que teriam sido determinantes para a sobrevivência de Ayrton e Roland. Vários julgamentos foram realizados, provas apagadas (como a câmera On Board de Ayrton, misteriosamente “desligada” 2 segundos antes da batida) e relatos divergentes dos médicos que atenderam Senna a respeito de seu estado. O GP de Ímola, embora triste, trouxe um legado imprescindível na questão de segurança nas pistas. Mas até hoje, 20 anos depois, permanecem mistérios que jamais serão revelados.